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Num sentido amplo, é a rejeição ou ausência de crença na existência de divindades. O ateísmo é oposto ao teísmo, que em sua forma mais geral é a crença de que existe ao menos uma divindade.

O termo ateísmo, proveniente do grego clássico ἄθεος (transl.: atheos), que significa "sem Deus", foi aplicado com uma conotação negativa àqueles que se pensava rejeitarem os deuses adorados pela maioria da sociedade. Com a difusão do pensamento livre, doceticismo científico e do consequente aumento da crítica à religião, a abrangência da aplicação do termo foi reduzida. Os primeiros indivíduos a identificarem-se como "ateus" surgiram no século XVIII.

Os ateus tendem a ser céticos em relação a afirmações sobrenaturais, citando a falta de evidências empíricas que provem sua existência. Os ateus têm oferecido vários argumentos para não acreditar em qualquer tipo de divindade. O complexo ideológico ateísta inclui: o problema do mal, o argumento das revelações inconsistentes e o argumento da descrença. Outros argumentos do ateísmo são filosóficos, sociais e históricos. Embora alguns ateus adotem filosofias seculares, não há nenhuma ideologia ou conjunto de comportamentos que todos os ateus seguem. Na cultura ocidental, assume-se frequentemente que os ateus são irreligiosos, embora alguns ateus sejam espiritualistas. Ademais, o ateísmo também está presente em certos sistemas religiosos e crenças espirituais, como o jainismo, o budismo e o hinduísmo. O jainismo e algumas formas de budismo não defendem a crença em deuses, enquanto o hinduísmo mantém o ateísmo como um conceito válido, mas difícil de acompanhar espiritualmente.

Como os conceitos sobre a definição do ateísmo variam, é difícil determinar quantos ateus existem no mundo atualmente com precisão. Segundo uma estimativa, cerca de 2,3% da população mundial descreve-se como ateia, enquanto 11,9% descreve-se comonão-religiosa. De acordo com outra estimativa, as taxas de pessoas que se auto-declaram como ateias são mais altas em países ocidentais, embora também varie bastante em grau — Estados Unidos (4%), Itália (7%), Espanha (11%), Reino Unido (17%), Alemanha(20%) e França (32%).

 

Ateísmo cristão


ateísmo cristão é um sistema de crenças em que o deus da cristandade é rejeitado mas os ensinos de Jesus são seguidos. O termo ateísmo cristão carrega consigo uma contradição considerável, pois Cristo (ou Kristos) significa ungido, ou escolhido. Sendo ateu o indivíduo não possui crença no divino ou sobrenatural, portanto é contraditório aceitar Jesus como o Cristo Salvador, uma premissa básica do termo Cristo e, consequentemente, também uma premissa básica do indivíduo cristão.

Ao falar sobre o ateísmo, muitos tendem a simplificar tal ideia ao mero conjunto de pessoas que negam a existência de um ou vários deuses. Contudo, o desenrolar dessa questão está cercado de âmbitos mais complexos marcados pela postura e os pressupostos que definem as diferenças entre cada um dos descrentes. Dessa forma, podemos apontar que o ateísmo se desdobra em formas múltiplas de se reconhecer e agir em um mundo desprovido de deuses.

Para alguns ateus, a inexistência das divindades não se limita ao mero espectro de se colocar presença dessas em dúvida. Além de não acreditarem em Deus, muitos ateus defendem que seja possível – por meio de argumentos racionalmente constituídos – comprovar a ideia de que os deuses e sua realidade espiritual não sustentam a criação do mundo em que vivemos. Dessa forma, os integrantes do chamado “ateísmo forte” abraçam o desenvolvimento de um diálogo avesso à existência divina.

Em contrapartida, existem alguns ateus que encaram o ponto da insistência divina como uma opção de âmbito pessoal. Ao invés de se lançarem ao extenso simpósio vinculado ao tema, os representantes do “ateísmo fraco” limitam o abandono às divindades enquanto postura calcada em opções próprias. Sendo assim, estes ateus não se dispõem a participar ativamente do entrave existente entre os partidários da presença de Deus no mundo e os já citados ateus fortes.

Considerados por muitos como um desdobramento do ateísmo fraco, ainda podemos falar sobre a existência dos agnósticos. Os partidários dessa concepção preferem não se comprometer em uma posição rígida sobre o assunto. Para estes, não existem argumentos suficientemente maduros para que a inexistência de Deus seja terminantemente comprovada. Da mesma forma, não se convencem definitivamente que seres espirituais regem o processo existencial mundano.

Ao observar tantas modalidades do pensamento ateu, podemos ver que a questão pode girar em torno das mais variadas nuances. Ser ateu não implica necessariamente em atacar ou desprezar os demais indivíduos que se apegam à presença divina. De tal forma, observamos que assim como as formas de ver a interferência de Deus no mundo variam entre as diferentes religiões, a forma de se encarar a ausência divina também está cercada por um rico corolário de concepções e posturas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História